TRATAMENTOS PARA CERATOCONE

O que há de novo?

O tratamento do ceratocone evoluiu significativamente ao longo das décadas, oferecendo opções mais eficazes e personalizadas para pacientes. Aqui está um resumo das principais datas e avanços no tratamento moderno do ceratocone:

1960s-1970s: O tratamento inicial para o ceratocone envolveu o uso de óculos e lentes de contato rígidas para melhorar a visão. No entanto, essas opções não tratavam a progressão da doença.

1980s: O transplante de córnea, conhecido como ceratoplastia, era a única opção cirúrgica disponível para casos graves de ceratocone. Embora eficaz, essa técnica tinha desvantagens, como longo tempo de recuperação.

1990s: Introdução do procedimento de Anel de Ferrara (ou Anel Intracorneano) como uma alternativa menos invasiva ao transplante de córnea. Esses anéis eram inseridos na córnea para remodelar sua forma e melhorar a visão, principalmente para corrigir a miopia.

2000s: Desenvolvimento do crosslinking corneano, uma técnica que fortalece a córnea por meio da aplicação de riboflavina e luz ultravioleta, retardando ou interrompendo a progressão do ceratocone. O implante de anel intra-estromal também se tornou cada vez mais indicado para ceratocone avançado.

2010s: Avanços em técnicas de cirurgia refrativa, como o uso de laser de femtossegundo para criar o retalho corneano no anel intra-estromal com precisão impressionante na profundidade e no inner/outer , tornaram essa opção mais segura e precisa para pacientes com ceratocone.

2020s: Continuam os avanços no diagnóstico precoce, na personalização do tratamento e na melhoria das lentes de contato para proporcionar maior conforto e visão nítida aos pacientes com ceratocone. Os desenhos dos anéis intra-estromais melhoraram a cada dia.

Atualmente, as novidades nos congressos é buscar uma alternativa aos anéis intra-estromais (que apresentam alguns inconvenientes, como a sombra do anel e o risco de extrusão). CAIRS, ou segmentos de anel intraestromal alogênicos da córnea, inicialmente descritos por Jacob, referem-se ao transplante intraestromal médio-periférico de segmentos estromais da córnea do doador em pacientes com ceratocone. É um procedimento menos extenso que a ceratoplastia lamelar anterior profunda. Como procedimento independente em casos não progressivos e em conjunto com técnicas de cross-linking em casos progressivos, tornou-se uma solução vantajosa, reversível e que não elimina a capacidade de realizar DALK ou qualquer outra modalidade de tratamento que possa estar disponível no futuro. Além disso, pode ser usado sinergicamente com outras modalidades de tratamento, como ablação guiada por topografia ou implantação de LIO fáquica. CAIRS é uma variante sem sutura médio-estromal médio-periférica da ceratoplastia lamelar anterior, na qual segmentos de tecido corneano doador são transplantados para a periferia média do estroma médio do olho do paciente em uma zona circular que fica fora da linha de visão. No Brasil, no entanto, ainda não foi liberado pela ANVISA.

Comparação da varredura do segmento anterior de Keraring acima e CAIRS abaixo. O implante CAIRS integrou-se bem à córnea hospedeira sem risco de extrusão. Extraído em: https://www.drdavidgunn.com.au/blog/cairs-keratoconus-treatment

Em resumo, o tratamento moderno do ceratocone progrediu significativamente ao longo das décadas. Atualmente, os pacientes têm acesso a uma variedade de opções, desde lentes de contato especializadas e anéis intracorneanos até procedimentos cirúrgicos como o crosslinking corneano e o implante de anel intra-estromal personalizado com laser de femtossegundo. permitindo tratamentos mais eficazes e menos invasivos. A pesquisa contínua nessa área promete ainda mais avanços no futuro.