Estudos recentes mostram necessidade de mudança nas indicações e no modo de se realizar crosslinking para ceratocone
Paciente diagnosticado é paciente tratado! Foi assim que o curso de Medicina ensina durante os seis anos de formação: não devemos esperar o paciente piorar o seu quadro clínico para começar com tratamento - é necessário intervir justamente para evitar que o quadro se agrave.
Para ceratocone, doença que leva alteração progressiva no formato da córnea, é necessário acompanhar o paciente e identificar se houve perda de visão ou piora da curvatura corneana em um ano para indicar o crosslinking, que utiliza a associação da luz ultravioleta com a vitamina riboflavina para dar maior estabilidade para córnea e evitar a progressão da doença.
É importante ressaltar que este procedimento (crosslinking) é relativamente novo com aprovação pelo Ministério da Saúde em março de 2017 e estabeleceu os seguintes critérios para indicação do tratamento: 1) Paciente com idade entre 15 e 45 anos 2) Com critérios de progressão: parâmetros a serem considerados são a mudança do erro refrativo, piora da acuidade visual, bem como progressão nos valores encontrados nas topografias e tomografias da córnea.
Portanto, é necessário discutir e amadurecer as novas indicações para que não seja necessário esperar a doença se agravar (lembrando que tanto óculos de grau quanto uso de lentes de contato apenas corrigem o problema, mas não tratam nem impedem a sua progressão).
No vídeo acima, o médico oftalmologista Dr Parag A. Majmudar discute a necessidade de intervir o ceratocone o mais cedo possível com o crosslinking corneano. Ele justifica exatamente que o tratamento conservador pode trazer problemas futuros aos olhos com ceratocone. A idade deve ser um critério muito importante para intervir, uma vez que quanto mais cedo o ceratocone se instala, maiores são as chances da doença progredir com mais intensidade.
Outro ponto interessante observado é a técnica do crosslinking. Atualmente o protocolo mais renomado leva em conta a retirada do epitélio corneano para garantir maior efetividade ao procedimento. No entanto, com novas tecnologias e novos estudos, é possível permanecer o epitélio intacto durante o procedimento que o efeito não decai e os riscos de haze corneano e desconforto para o paciente são mais tolerados.
Lembrando que este artigo é uma opinião - com base em novos estudos científicos - e que tem a finalidade de discutir o crosslinking por uma perspectiva diferente.