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O sistema visual em crianças

Saiba mais sobre a importância do correto desenvolvimento do sistema visual em crianças e como detectar alterações precoces


O sistema visual é responsável por cerca de 80% da interação do indivíduo com o meio ao nosso redor. Dada sua complexidade e importância que representa na esfera cognitiva e espacial, o tempo de maturação da visão demora meses até o completo desenvolvimento.


Acuidade visual nas crianças

Estudos desenvolvidos por Mayer (1995) mostram que a visão desenvolve-se de forma rápida entre o primeiro e o sexto mês de vida, fase que é marcada pela maturação da fóvea (região nobre da retina).


Sensibilidade ao contraste

A capacidade para discernir pequenas diferenças na luminosidade de superfícies adjacentes, denominada sensibilidade ao contraste, é rudimentar ao nascimento e desenvolve-se rapidamente durante o primeiro ano de vida, sendo próximo ao adulto na faixa etária de 4 a 5 anos de idade


Visão de cores

A visão de cores é um processo que envolve o espectro luminoso e a maturação dos diferentes tipos de cones presentes na retina. Para cores no eixo verde-vermelho (a mais importante), a discriminação se inicia a partir do segundo mês de vida e um pouco mais lento para reconhecer o sistema de oponência azul-amarelo (embora haja discordâncias), com preferência espontânea para estímulos azuis e vermelhos em bebês de 16 semanas de vida.


Campo visual

A extensão do espaço que o olho enxerga em sua plenitude desenvolve-se aos 6 meses de idade, quando a criança alcança a percepção por todo campo visual em mais de 120 graus


Visão estereoscópica

Para se ter a visão estereoscópica, é necessário que o cérebro possa fundir a imagem projetada pelas retinas dos olhos. Esta visão é característica da noção de profundidade, que ocorre entre o terceiro o sexto mês de idade.


 

Como suspeitar que a criança não está enxergando direito?

Não é uma tarefa fácil para os pais a identificação de defeitos oculares tanto pela falta de comunicação mas também não visibilidade das estruturas dentro dos olhos. Portanto apenas o médico oftalmologista consegue fazer o diagnóstico e indicar tratamento (quando possível). As avaliações com seu médico oftalmologista deve ser rotineira e os olhos devem ser checados pelo teste do olhinho, que faz parte da avaliação física de todo recém-nascido antes da alta hospitalar e deve continuar integrando a avaliação mesmo após o período neonatal (serve para descartar doenças como retinoblastoma, catarata congênita, glaucoma congênito, persistência hiperplásica do vítreo primitivo entre outras).

No entanto, os familiares podem ajudar na detecção de alterações no sistema visual, principalmente se repararem nos seguintes sinais e sintomas:


1- Dor de cabeça, principalmente quando a criança forçar para enxergar

2- Baixo desempenho escolar

3- Mímicas faciais ou esforço perceptível ao tentar focalizar um objeto

4- Quedas e/ou acidentes repetitivos

5- Aproximação excessiva em frente à TV e/ou eletrônicos diversos


Lembre-se que se um olho for normal e o outro olho apresentar problemas, não será possível identificar a alteração porque o olho bom predomina sobre o olho ruim. Para desmascarar o baixo desempenho do olho afetado, os pais devem testar os dois olhos de forma padronizada e individual: ao ocluir um dos olhos da criança, é necessário observar a reação e resistência, isto é, caso haja desconforto da criança (choro, inquietação ou qualquer alteração), provavelmente o olho não ocluído apresenta problemas de visão e uma consulta com médico oftalmologista deve ser agendada o mais rápido possível.


Ambliopia é um problema de saúde pública:

Com base nos conceitos mais atuais da neurofisiologia, é mais rigoroso afirmar que ambliopia é um processo mais complexo do que a simples definição deixa supor. Na verdade, a ambliopia é uma disfunção de todo o processamento visual, num sentido muito mais amplo do que uma simples diminuição da acuidade visual.

A visão é um processo continuo de aprendizagem, que se inicia ao nascimento, e que tem um tempo próprio de desenvolvimento – período crítico – no qual toda a estrutura cortical, interveniente no fenômeno visual, tem a capa- cidade de se modificar estrutural e funcionalmente em função da qualidade do estímulo (qualidade da imagem) que lhe chega através da via óptica.

As crianças diagnosticadas mais cedo, nomeadamente as diagnosticadas aos 2 anos, obtêm melhor acuidade visual do que as diagnosticadas entre os 3 e os 4 anos; da mesma forma as acuidades visuais obtidas nas crianças que iniciam tratamento antes dos 5 anos (20/25) são melhores do que as que iniciam aos 6-7 anos (20/32). A partir dos 8 anos de idade, considera-se que o sistema visual já desenvolveu totalmente, dificultando o processo de reversão da ambliopia. Portanto, não deixe de procurar seu médico oftalmologista: o conhecimento, a vigilância e a consulta oftalmológica são os alicerces para que as crianças enxerguem mais longe!


Bibliografia

1- Série: Oftalmologia Brasileira - Refratometria ocular e Visão Subnormal - 4a edição (CBO); 2017

2- A Ambliopia: Um problema de saúde pública.- Projecto de Rastreio Nacional – de Saúde Visual na Infância(RN-SVI) - Oftalmologia - Vol. 40: pp.97-106



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